Para
os antigos Egípcios a precisão da balança era simbolizada pela deusa Maat, a
qual utilizava uma pluma que servia de peso em um dos pratos da balança.
A
Exatidão também pode ser definida por três pontos importantes:
1
- A boa definição de um projeto de obra; (o cálculo de um projeto de
arquitetura ou matemática que reduzam estes acontecimentos a esquemas
abstratos).
2
- A formação de idéias visuais nítidas (Trazer a lembrança imagens visuais nítidas
recordáveis).
3
- Uma linguagem precisa, capaz de traduzir detalhes do imaginário (Uma
linguagem precisa capaz de trazer um conjunto de palavras que possam traduzir a
diferença entre o pensar e o imaginar, ou seja, o esforço da mesma para dar
conta, com a maior precisão possível do aspecto sensível das coisas).
Ítalo
prefere escrever a falar, pois escrevendo ele chega no mínimo da imperfeição.
Pois a linguagem casual, descuidada e aproximativa traz-lhe repúdio, pois se
compara a uma epidemia de peste corroendo todos os campos da linguagem.
As
possibilidades de salvação para esta epidemia estão na literatura que é a Terra
Prometida da Linguagem, a qual só ela pode produzir anticorpos que impeçam o
prolongamento deste flagelo lingüístico.
As
imagens também foram contaminadas por esta epidemia; onde promove uma chuva
ininterrupta de imagens sem forma nem significados as quais se multiplicam a
cada dia, muitas se dissolvem como nos sonhos, mas aquelas que não se dissolvem
causam estranheza e mal-estar.
Estes
vírus ou epidemia que vêm se alastrando pela história e vida do povo, tornando
a história das nações, confusas, casual, sem forma definida, sem princípio nem
fim.
Pela
visão de Giacomo Leopardi, o “vago”
traz a idéia de indefinido e incerto; como nas palavras "noite, noturno",
em que as descrições da noite são poéticas, pois à noite as sombras se
confundem, permitindo ao espírito perceber uma imagem vaga, indistinta,
incompleta. Assim para se apreciar a beleza do vago e do indeterminado
precisa-se ater a definição meticulosa em que se aplica a cada imagem, na
descrição minuciosa dos detalhes, na escolha dos objetos na iluminação e atmosfera.
Ou seja, o vago flutuar das sensações.
As bases levantadas por Leopardi até aqui agregam
valor ao que ele propõe defender; a literatura como uma arte de expressão, infinita
e complexa, tal qual que dependendo da forma como descreve, consegue ser exata
ao que deseja mostrar.
Folheando as notas de Zibaldone encontra-se de forma
clara a ideia de indefinido que o autor desejava mostrar, nos seguintes
trechos: “... a luz do sol ou da lua... o reflexo dessa luz, e os vários
materiais que dela resultam; o penetrar dessa luz em lugares onde ela se torne
incerta e impedida...”.
Dessa forma o indefinido toma uma forma definida a
partir de outros elementos indefinidos, nos elucidando uma imagem complexa de
ambientes, objetos, fenômenos. Logo o vago se torna preciso. Mas adiante as
notas revelam vertentes importantes, como nos trechos: “Essa mesma luz é cheia
de atrativo e sentimentalismo quando vista nas cidades, onde apresenta
retalhada pelas sombras, onde a escuridão contrasta em muitos lugares com o
claro, onde a luz em muitas partes se degrada. A esse prazer contribuem a
variedade, incerteza, o não se ver tudo... observa que o prazer da variedade e da
incerteza prevalece sobre o da aparente infinitude e o da imensa
uniformidade...”.
Aqui é revelada uma visão poética por parte de
Leopardi. O mesmo autor que antes parecia através de inúmeras descrições
delimitar algo, agora se revela como um admirador e respeitador do
desconhecido, do que não se pode mensurar. É nítido a uma sobreposição da
liberdade da poesia sobre a exatidão da literatura sem que a última fosse menos
importante.
Leopardi
refletia sobre o indefinido e o infinito. Sua ideia era de que o homem tenha/
sinta atração pelo desconhecido, e também que através da imaginação é possível
ter prazer apenas projetando o infinito, porém como o espírito humano não é
capaz de concebê-lo, então é necessário contentar-se com o indefinido, e assim
como no poema L’infinito, fazer com que a doçura sobreponha os sentimentos
ruins.
Os
problemas enfrentados por Leopardi vêm desde o inicio da filosofia, como a
relação entre a ideia de infinito como espaço absoluto e tempo absoluto.
São
vários os exemplos de escritores em que é possível confirmar que, além de
existir a exatidão, ela está ligada ao indeterminado. No romance “Der Mann ohne
Eigenschalten” de Robert Musie, os problemas matemáticos são usados para
mostrar que as soluções são encontradas particularmente e que juntas se
aproximam da solução final. Já Roland Barthes traz a ideia de que cada coisa
tem a sua ciência.
Enquanto
Lepardo afirma que as sensações indefinidas causam prazer, Paul Valéry as trata
com a máxima exatidão possível e utilizando a geometria como em “Monsieur
Teste”: “Voyes vous ces figures vives? Cette géométrie de ma souffrance? Il y a
de ces éclairs qui ressemblent tout à fait à dês idées”. (“Estão vendo essas
figuras vivas? Essa geometria do meu sofrimento? Há relâmpagos que parecem de fato
ideias”.).
Além
da geometria Paul Valéry através da poesia elaborada com articulação definiu a
exatidão. Onde visualiza diferentes áreas do conhecimento com profunda analise,
utilizando os recursos na arte, que Ítalo possui com estima.
Valéry
faz uma impugnação de conceitos míticos sobre a origem do universo. Em
contraponto Leopardi faz inferências do infinito e do cosmo para discorrer
acerca, que aquilo que não se pode alcançar se emprega não em um espaço sem
matéria, mas na existência universal.
Ítalo
percebe que as diretrizes que tomou não deixaram subentendido o que propunha
discursar. Pois embora tenha escrito de maneira a tentar definir com precisão
suas ideias, percebe que escrever sobre situações que ainda não conseguiu
determinar é algo que transtorna o seu ser, proporcionando vertigem diante da
questão do infinito.
Realiza
citações de vários autores e filósofos onde a questão do infinito é sempre
abordada de maneiras divergentes, porem há uma consistência de cada informação
onde aos poucos as ideias se diluem no infinitesimal.
A
ligadura na produção literária e o conceito de cosmologia trilham um conjunto
de razões na ciência contemporâneo. O universo observado pelas partes que
compõe o todo proporciona uma perspectiva, tal perspectiva desenvolve forma e
vida na obra literária. Diante das causas independentes entre si, sobressai a
poesia.
Nas artes figurativas dos primeiros decênios do
século, até mesmo antes de atingir a literatura entram os processos da
lógica-geometria-metafísico, onde Ítalo cita que o cristal serve como uma
figura simbólica por vários escritores e poetas de todo o mundo e que o
cristal, que é um mineral sólido anisotrópico, limitado naturalmente por faces
planas, refratando a luz perfeitamente.
Ele faz uma comparação contraposta entre o cristal,
que regulariza estruturas e que sempre teve em mente como de forma simbólica
perfeita, a chama, sendo que ambos representam movimento mesmo sendo ideias
contrapostas extraído da citação de Massimo com a literatura do século.
Assim como o cristal e a chama, Ítalo faz uma análise
disso sobre sua obra de 1972, Le città invisibili, dizendo que é uma
cidade única, havendo então, a Exatidão. Ali ele também concentra ideias numa
só ou se aproxima o suficiente para tal, com ligações de textos, interpretações,
conclusões e análises podendo ser diversificadas.
Referindo-se desta mesma obra, o autor explica que,
mesmo na exatidão pode haver um conceito com dupla interpretação.
Em relação ao intelecto, reduzimos nosso conhecimento
quando pensamos em um tabuleiro de xadrez, onde há peças de estrema importância
e outras nem tanto, porém todas as peças estão repousadas num mesmo lugar, numa
caixa/tabuleiro de madeira.
Exatidão a ciência dos detalhes, tende a proporcionar
as ideias claramente, para saber ao certo do que está sendo abordado,
estabelecendo uma visão mais objetiva. Ela possui duas direções: (a) tentar ser
o mais breve possível; (b) encontrar palavras que darão conta para tudo aquilo
que se almeja expressar.
A dificuldade encontra-se na maneira de passar para o papel ou até mesmo falar,
tudo aquilo que a mente transmiti. Sendo assim a exatidão nesse sentido não se
chega a uma absoluta exatidão, sempre falta algo para se expressar, a linguagem
não consegue expressar tudo que se sente ou se imagina (pensa).
Ao explorar essa via, sentiu-se muito próximo da experiência dos
poetas.
Pensou sobre tudo em Francis
Ponge, que com seus pequenos poemas em prosa criou um gênero único na
literatura contemporânea: exatamente o "caderno de exercícios" de um
escolar que começa a exercitar-se dispondo suas palavras sobre a extensão dos
aspectos do mundo e consegue exprimi-los após uma série de tentativas,
rascunhos e aproximações que representam o melhor exemplo de um poeta que se
bate com a linguagem para transformá-la na linguagem das coisas e retorna
trazendo consigo toda carga humana que nelas havia investido.
Há quem ache que a palavra
seja o meio de se atingir a substância última, única, absoluta; a palavra, mais
do que representar essa substância, chega mesmo a identificar-se com ela: há a
palavra que só conhece a si mesma, e nenhum outro conhecimento do mundo é
possível. Há, no entanto, pessoas para quem o uso da palavra é uma incessante
perseguição das coisas, uma aproximação, não de sua substância, mas de sua
infinita variedade, um roçar de sua superfície multiforme e inexaurível.
Por isso o justo emprego da linguagem é, para ele, aquele
que permite o aproximar-se das (presentes ou ausentes) com discrição, atenção e
cautela, respeitando o que as coisas (presentes ou ausentes) comunicam sem o
recurso das palavras.
Outro autor que nos mostra um grande exemplo de homem
sem letras, a qual ninguém possuía sabedoria igual no mundo senão ele é
Leonardo da Vinci. Em seus códices havia uma batalha com a língua, uma língua
híspida e nodosa, a procura da expressão mais rica, mais sutil e precisa.
Apesar de toda esta sabedoria ele era ignorante no
latim e na gramática, o que impedia de se relacionar com os doutores daquela
época.
Identificava-se melhor com a pintura do que com o jogo
das palavras. Porém com o incidir do tempo começou a escrever com frequência,
entretanto sem apartar-se dos desenhos.
No fólio 265 do código Atlântico, Leonardo alista
evidências para ratificar a tese do desenvolvimento da terra, através da
arqueologia. Todavia encontra certa dificuldade em reproduzir a imagem do
fóssil encontrado, quando tenta redigir uma frase por três vezes na expectativa
de encontrar o verbo adequado para melhor retratar o animal.
Ítalo
termina sua conferência de forma a deixar seus leitores velejarem pelo mistério
do imaginário.
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