2 de nov. de 2013

Rapidez (Autor Italo Calvino)

Começaremos pela definição de rapidez que quer dizer: Celeridade, presteza, velocidade, ligeireza, pressa.

Ao escrever sobre ela Calvino toma como sinônimo condensação, faz elogio dos textos curtos, a maior parte de sua obra se compõe de contos.

No trecho de seu livro que fala sobre rapidez, ele começa pelo relato de uma antiga lenda escrita por Barbey d’ Aurevilly sobre o Imperador Carlos Magno que se apaixona por uma jovem, paixão esta que permanece até mesmo depois da morte desta jovem, mandando então embalsama-la e transportando-a para sua câmara, recusando-se a separar-se dela.

O Arcebispo preocupado com aquela paixão macabra quis então examinar o cadáver, encontrando sob sua língua um anel de pedra preciosa, tomando-o para si, então rapidamente o imperador manda sepultar o corpo, transferindo seu amor para o Arcebispo e ele a fim de se livrar daquela embaraçosa situação atirou o anel no lago Constança, o imperador então se apaixonou pelo lago.

Ao começarmos a ler o conto nos atentamos a paixão do imperador, mas no desenrolar do texto percebemos que o movimento do anel determina o movimento dos personagens.

O texto não trata apenas de uma simples paixão, e sim relata ambição de imperador por um objeto valioso, ao qual ele busca sem medir as consequências.

No desenrolar do conto destacam-se dois sentimentos; o amor e a paixão, os quais se misturam sem definição, hora ama, noutra está apaixonado.

Em outro conto, escrito por Quincey, damas e cavalheiros que estavam hospedados em um hotel saem em um passeio a pé depois do almoço, e um dos cavalheiros se propõem a contar uma história durante o trajeto, e diz a uma das damas:

“Senhora Oretta, se assim quiserdes poderei por grande do caminho que teremos de andar levar-vos a cavalo numa das mais belas histórias do mundo. A dama concorda, e assim ele começa sua história, mas no decorrer da narrativa ele se perde com as palavras, troca nomes, atropela os fatos, tão logo a dama começa a se incomodar com os fatos e diz ao cavalheiro:

“Vosso cavalo é um tanto duro de trote, pelo que vos peço que me deixeis a pé”.

Nesse conto temos como metáfora o cavalo simbolizando a velocidade mental, o cavaleiro ao contar a história para dama se perde nos fatos, quer dizer, não tinha agilidade mental para conduzir a narrativa, é como quando andamos a cavalo, se não tivermos o controle do animal acabamos atropelando tudo. A narrativa é um cavalo, um meio de transporte, cujo tipo de andadura, trote ou galope, depende do percurso a ser executado, a embora a velocidade de que se fala aqui seja mental.

Essa metáfora foi usada pela primeira vez por Galileu Galilei em seu livro Saggiatore, ele dizia que a rapidez, a agilidade de raciocínio e a economia de argumentos são qualidades do bem pensar.

Calvino faz uma reflexão sobre os dias de hoje, em que o que importa é a velocidade física, as pessoas desenvolvem a agilidade, mas não o raciocínio.

Na vida pratica, o tempo é uma riqueza de que somos avaros, na literatura o tempo é uma riqueza de que se pode dispor com prodigalidade e indiferença.

Em sua tese o autor faz menção a dois deuses Mercúrio e Vulcano; ” Mercúrio pés alados, leve aéreo, hábil e ágil, flexível e desenvolto; Vulcano, que contrapõe o voo aéreo de mercúrio a andadura descontinua de seu passo e o cadenciado bater de seu martelo. Em parte de sua tese ele se compara a esse dois deuses, diz ter a agilidade de Mercurio e a criatividade de Vulcano.

O outro conto que ele cita é sobre um rei que pede a um desenhista pra desenhar um caranguejo, o desenhista pede cinco anos para fazer o desenho, por fim leva dez anos para fazê-lo, e passado estes anos, ele faz em um instante. Nesse conto vemos que se perde o tempo para se ganhar em qualidade, nem sempre o que se é feito com rapidez tem perfeição, precisa – se de tempo para ser elaborado.

Calvino era admirador de textos curtos, ele deu em suas obras ideias abstratas de espaço e tempo, que poderia ser encontrado em seus contos e ainda experimentou composições mais breves entre o apólogo e o pequeno em prosa, ele almejava organizar uma coleção de histórias de uma só frase ou até de uma linha apenas se fosse possível.

Para finalizarmos esse resumo, deixamos bem claro que a rapidez que nele é relatado trata-se não só da rapidez física, mas também mental, a qual não devemos confundir com a rapidez em que se é lido um texto com a agilidade em interpretá-lo, pois devemos chegar ao consenso que necessitamos tanto ter uma rapidez em fazer, como em ter uma agilidade de interpretação.

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